Le Monde Diplomatique Brasil Número 1 Agosto 2007
Editorial – José Tadeu Arantes
"Vivemos, talvez, um momento de transição do padrão civilizatório. Um tempo de perplexidades. A ameaça de desastres climáticos, pandemias e conflitos étnico-religiosos inspira cenários apocalípticos de morte e destruição. Enquanto isso, o processo científico-tecnológico, a criação de uma rede mundial de comunicação, a interação sem precedentes das mais diversas matrizes culturais abrem perspectivas inéditas para o desenvolvimento humano. Como pano de fundo, vemos prolongarem-se assimetrias nas relações entre os países, escandalosas desigualdades no acesso aos bens materiais e culturais pelas diferentes classes, manipulações das consciências pelas grandes corporações da mídia e do entretenimento. Mais do que nunca, precisamos de reflexões aprofundadas que instaurem, entre nós, espaços de lucidez [grifo meu]. Até porque, os discursos fáceis e as fórmulas simplistas, à direita e à esquerda, foram reprovados no teste da prática, evidenciando sua inconsistência. Com o fim da bipolaridade e a obsolescência dos grandes modelos teóricos herdados do século XIX, a intelectualidade encontra-se livre de opressivas camisas-de-força ideológicas – livre para construir novos paradigmas capazes de responder aos desafios do presente [...]"