Monday, April 18, 2016

Lições do Chile?


Acabei de ler recentemente uma obra de ficção muito interessante sobre a experiência levada a cabo no governo de Salvador Allende, no início dos anos 1970, de uma administração cibernética da economia chilena, baseada no Modelo do Sistema Viável de Stafford Beer, e que era denominada de Projeto Cybersyn. A novela "Contra o Tempo" (em tradução livre do alemão) de Sascha Reh, conta os principais episódios dos dias finais do Governo de Allende, e a tentativa de evitar que as informações do Projeto Cybersyn, sobretudo aquelas relativas às pessoas envolvidas no projeto, chegassem às mãos do regime de exceção que inaugurava um período sangrento na história chilena. A novela se desenrola da perspectiva de um jovem designer alemão, que havia sido convidado para participar do Projeto. A novela também reproduz vários dos clichês e excentricidades que rondavam a figura de Stafford Beer e que ajudaram a construir sua fama. Como toda boa novela, a estória também é entremeada por intriga, traição, idealismo e um amor impossível. Para mim, foi particularmente interessante ler a novela pelo fato de conhecer pessoalmente algumas pessoas (as personagens reais da história) que estiveram direta e intensamente envolvidas no Projeto Cybersyn. "Descobri-las" na novela, através das personagens criadas pelo autor, foi um exercício estimulante. É de se lamentar porém, que até o momento o livro tenha sido publicado somente em alemão, o que certamente reduz o número de leitores.

Para aquelas pessoas interessadas na história do Projeto Cybersyn, recomendo vivamente o belíssimo livro "Cybernetic Revolutionaries" de Eden Medina. A capa, reproduzida ao lado, mostra a famosa e icônica "sala de operações" (Operations Room) - que não chegou a funcionar propriamente da maneira como havia sido originalmente concebida - do Projeto Cybersyn, em que se pretendia poder mostrar em tempo real o desempenho da economia chilena. Como pode ser lido no livro, a sabotagem internacional a qual foi submetido o governo de Allende, criou enormes dificuldades para que isso se concretizasse. Vale lembrar que estamos falando do início dos anos 1970, quando nem se falava em internet - pelo menos não no meio civil - e que os instrumentos de que se dispunha para comunicação "online" (se é que se poderia falar nesses termos) são as hoje já desconhecidas máquinas de telex. Particularmente interessante é o capítulo sobre a grande greve (de caminhoneiros) de outubro de 1972, que só não colocou de joelhos o governo de Allende, por conta do exitoso uso da cibernética para lidar com uma crise. Como curiosidade, uma das principais pessoas envolvidas no design da "Opsroom" (como a sala de operações era conhecida no âmbito do Projeto) vive hoje em dia em Florianópolis.

E para aqueles interessados no relato sobre o Projeto Cybersyn do próprio criador do Modelo do Sistema Viável (Viable System Model, no original), o famoso ciberneticista Stafford Beer, criador da Cibernética da Administração, poderão encontrá-lo na parte quatro do livro "Brain of the Firm".

Sunday, April 17, 2016

World Complexity Scientific Academy


WCSA 7th WORLD CONFERENCE
Rio de Janeiro, Brazil
5th and 6th January 2017
- GOVERNING TURBULENCE -
Risk and Opportunities in the Complexity Age

Scientific Steering Committee:
André Folloni, President of the Committee, Programa de Pós-Graduação em Direito – PUCPR, Brazil
Angel Antonio Alberto, SFAI, Entre Rios, Argentina
Marcelo Amaral, Fluminense Federal University, Rio de Janeiro, Brazil
Richard M. Brandt, Director of Iacocca Institute, Lehigh University, Bethelem, Pennsylvania, USA
James Chen, Michigan State University, USA
Stefano Civitarese, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Gerhard Chroust, IFSR General Secretary, Wien, Austria
Giampiero Di Plinio, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
János Farkas, Budapest University of Technologies and Economics, Budapest, Hungary
Emilia Ferone, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Edit Fabó, ELTE University, Budapest, Hungary
Michael C. Jackson, Editor in Chief Systems Research and Behavioural Science,Wiley & Sons,New York
Muneo Kaigo, University of Tsukuba, Ibaraki, Japan
Alexander Laszlo, ITBA, Buenos Aires, Argentina
Andrea Lombardinilo, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Giulia Mancini, G. D’Annunzio University PhD and EVE Studio CEO, Italy
Sergio Marotta, University Suor Orsola Benincasa, Naples, Italy
Riccardo Palumbo, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Andrea Pitasi, WCSA President
Lidia Puigvert, University de Barcelona, Spain
Massimiliano Ruzzeddu, WCSA Scientific Director, UNICUSANO, Rome, Italy
Enrico Spacone, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Alfredo L. Spilzinger, WCSA Vicepresident and SFAI President
Liborio Stuppia, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Dénes Tamás, Budapest Metropolitan University, Budapest, Hungary

Honorary Board of Advisors:
Alexander Laszlo, ITBA, Buenos Aires Presidential Delegate as Board Chair
Lucio d’Alessandro, Rector, University. Suor Orsola Benincasa, Italy
Giuseppe Acocella, CNEL Vice President, Rector S. Pius V University, Rome, Italy
Gabriel Altmann, University of Bochum, Germany
Marcelo Amaral, Fluminense Federal University, Rio De Janiero, Brazil
Sebastiano Bagnara, Sassari-Alghero University, Italy
Pierpaolo Donati, University Of Bologna, Italy
Sherry Ferguson, University Of Ottawa, Canada
Giancarlo Guarino, Federico II University, Naples, Italy
Klaus Krippendorf, Recipient of the 2011 WCSA Medal
Ervin Laszlo, Club of Budapest, Hungary, 2010 WCSA Medal
Loet Leydesdorff, University of Amsterdam, the Netherlands
Felix Ortega, University Of Salamanca, Spain
Dario Rodriguez Mansilla, University Diego Portales, Santiago, Chile
Alexander Riegler, Free University of Brussels, Belgium

Partners:
GOVERNING TURBULENCE
Risk and Opportunities in the Complexity Age
In the last decades, globalization has increased greatly for all social actors in terms of opportunities of knowledge, education, communication and financial profits. However, at the same time, the level of uncertainty has rapidly increased, mainly due to the enormous amount of cheap information that is available at any moment. Frequently, an overload of information leads to risk, and it also makes it difficult to foresee possible consequences of any decision. Therefore, in such conditions many variables should be taken into consideration. It affects all spheres of social life: economic, social and political; as well as every level of decision making, from single individuals to local policy implementation, strategic managements of big organizations both public and private, national or even supranational. Due to the fact that complexity is common to diverse milieus, the best strategy to deal with uncertainty is to share knowledge from different domains beyond the disciplinarian and scientific borders. This conference welcomes scientists from any sphere: politicians, business people, etc., to present their researches and experiences on decision-making aimed to develop systemic, multidisciplinary sets of notions, ideas and best practices.

List of keywords and key themes for ABSTRACT SUBMISSION:
1. The role of macro-sociology in the contemporary world
2. Value neutrality
3. System theory
4. System epistemology
5. Global challenges
6. Decision making and systemics
7. Business
8. Investments
9. Social policies
10. Public policies
11. City and urban policies
12. Individualism and collectivism
13. Social and economic development
14. Agenda setting
15. Policy modeling
16. Policy making
17. Constructionism
18. Constructivism
19. Law Studies
20. Governance
21. Political science and government studies
22. Shareholding, stakeholding policies and strategies
23. Environment, ecology
24. Energy policies

Organizational Committee
Michele Bonazzi, University of Bologna PhD, Italy
Sara Petroccia, G. D’Annunzio University, Chieti-Pescara, Italy
Antonina Rishko-Porcescu, Institute of Sociology of NAS of Ukraine PhD, Kiev, Ukraine

DEADLINE AND PAYMENT


* Abstract max 500 words. You will receive the acceptance or rejection of your abstract within max 15 days from the deadline of your submission.
** No payment on site. Unpaid fees imply cancelling from the conference program and admittance denial to the conference. For the spectators, the fee and the dead line are unique: 100 Euros within December 10th 2016.
*** Please, remember the WCSA membership fee is mandatory for speakers and spectators. If you arenot already a WCA member, you have to add 100 euros for senior or 50 euros for junior to the conference fees listed above.

REGISTRATION PROCEDURE
All WCSA conference authors must register and pay at the follow link:
https://www.eventbrite.it/e/biglietti-wcsa-7th-world-conference-24424516386
If you have any problems with registration, please email wcsaconferences@gmail.com




Monday, March 28, 2016

"A crise da água na Grande SP acabou". Mas do que estamos falando quando falamos sobre crise de água?



Segundo declaração do governador do Estado de São Paulo em 7 de março, a crise hídrica na Grande São Paulo teria chegado ao fim. Frente às chuvas abundantes dos últimas meses, que provocaram um aumento considerável no volume de água armazenado nos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo, é de se esperar mesmo que diminuam os problemas de abastecimento e de racionamento de água.

Se por crise hídrica entendermos, um tanto quanto reducionisticamente, o desabastecimento que ocorre por conta da escassez de água, não vejo grandes razões para discordar de que ela possa (temporariamente) ter terminado. Se, porém, entendermos que uma crise hídrica emerge a partir da perturbação de uma dinâmica relacional conservativa entre seres humanos e a água, tenho fortes razões para duvidar que ela tenha mesmo terminado. Pelo contrário. Vista assim, o enchimento de reservatórios não marca o fim de uma crise hídrica mas, antes, anuncia o seu início!

Crises hídricas não são, portanto, sinônimas de escassez de água, mas manifestação de uma falha na governança do uso da água, que pode ser entendida como a implementação de processos (sistêmico-cibernéticos) para manter uma dada qualidade da dinâmica relacional entre seres humanos e a água. O que se costuma ver, entretanto, são práticas de governança baseadas na crença que sistemas sociais e ecológicos não são acoplados, e em pensamento linear de causa-e-efeito. A declaração do governador de SP apoia-se então no entendimento de que a disponibilidade de água no futuro nada mais será do que, deterministicamente, a simples continuação do passado - a trajetória e a dinâmica do clima não mudarão, e tampouco os volumes de precipitação.

P.S.: O que foi aqui brevemente argumentado, é tratado de maneira mais extensa e geral no artigo Navigating through an 'ecological desert and a sociological hell'. A cyber-systemic governance approach for the Anthropocene. Ray Ison & Sandro Luis Schlindwein, Kybernetes, 44(6/7): 891-902, 2015.


Thursday, March 17, 2016

Quando a crise não é uma oportunidade

É bastante conhecida (e batida) a afirmação de que uma crise é sempre uma oportunidade (de mudança? de melhoria?). Nessas horas costuma-se até mesmo evocar simbologias orientais para argumentar que crise e oportunidade são complementares, que são aspectos distintos de uma dualidade. É bem possível que isso seja assim em muitas situações, mas não vejo como isso poderia ser "aplicado" para a crise política que o Brasil atravessa, sobretudo depois dos acontecimentos de ontem (16 de março). Frente ao que se está vendo, que oportunidades essa crise poderia encerrar? Para mim, essa crise política é o resultado de uma tremenda falha sistêmica de todos os poderes da República, produzindo uma "mess" (para lembrar Ackoff) sem igual.  Estamos vendo a ação de poderosos ciclos de reforço (feedbacks de reforço) sem que ao mesmo tempo possamos ver, pela ação institucional (do Poder Judiciário, por exemplo), a ação de ciclos de equilíbrio (feedbacks de balanço). Estamos tipicamente diante de uma situação do tipo "bola de neve", e como tal de consequências imprevisíveis. Essa crise também ilustra que o truísmo segundo o qual a política seria a arte do possível, esgotou-se, até porque o possível, da maneira como a nossa classe política o concebe, já não é mais suficiente para resolvê-la. A política precisa transformar-se na arte do impossível, que consiste em tornar possível o aparentemente impossível, como bem disse Ackoff!

Tuesday, March 15, 2016

Quando o todo é diferente que a soma da partes

Em tempos em que prevalecem visões simplistas e simplificadoras da realidade, o excelente artigo de Eliane Brum "Na política, mesmo os crentes precisam ser ateus", publicado no El País, discute sistemicamente o momento político que vivemos no Brasil.



Monday, March 07, 2016

FALHAS SISTÊMICAS: porque precisamos aprender a pensar - e agir - diferente

Em seu famoso livro Risikogesellschaft - Auf dem Weg in eine andere Moderne (Sociedade de Risco - rumo a uma outra modernidade), Ulrich Beck discute a ideia de que na Modernidade a produção de riqueza é acompanhada da produção social de riscos, de toda sorte e natureza, como os riscos químicos e nucleares, além, é claro, dos riscos ecológicos, entre muitos outros. Esses riscos são produzidos tecno-cientificamente e levam ao que Beck chama de modernização reflexiva: como resultado dos problemas do desenvolvimento técnico-econômico, o processo de modernização torna-se "reflexivo", tornando-se ele mesmo tema e problema (p. 26, da edição original). Ou seja, o processo de modernização volta-se a si mesmo. Apoiando-se em Niklas Luhmann, sociólogo e teórico de sistemas, Beck afirma que com os riscos a economia torna-se "auto-referencial" (normalmente evitadas pela ciência ocidental, racional e objetiva, amparada na lógica clássica, ortodoxa, questões de auto-referencialidade renovaram o pensamento sistêmico-cibernético, e deram origem à cibernética de segunda-ordem, ou a cibernética da cibernética, a cibernética dos sistemas observantes!): a sociedade industrial produz com o canibalismo econômico dos riscos por ela liberados a situação de perigo e o potencial político da sociedade de risco (p. 30, da edição original). Como diz Beck, na Sociedade de Risco ocorre uma mudança da lógica da distribuição da riqueza [!] para a lógica da distribuição (global) de risco, e a questão que se coloca é como lidar de maneira sistemática (e sistêmica!) com os riscos e incertezas produzidas pela própria Modernização. O desafio para a sociedade de risco é, portanto, como se organizar para responder aos riscos que ela mesmo produz.

Portanto, na Sociedade de Risco, multiplicam-se os desastres de causas humanas, associados aos avanços da ciência e da tecnologia. E é aqui que se inscreve o desastre de Mariana,

Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em estado de terra arrasada após o estouro da barragem (foto: Juarez Rodrigues - 06/11/2015)

Desde novembro de 2015 somos assombrados quase que diariamente com as terríveis notícias do desastre de Mariana. O rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da mineradora Samarco, resultou no maior desastre ambiental do Brasil, e cujo mar de lama deixou em seu rastro não somente destruição, mas também 17 mortos e 2 desaparecidos. Sem contar as consequências de longo prazo, que sequer podem ser vislumbradas em toda sua magnitude e extensão. Mas por que o desastre aconteceu? Foi por pura negligência e irresponsabilidade? Erro técnico no dimensionamento e operação da lagoa de rejeitos? Até mesmo um abalo sísmico (leve) foi cogitado como possível causa (já descartada). Recentemente, a Polícia Civil afirmou que a causa do rompimento da barragem de Fundão teria sido "liquefação" (excesso de água), além de vários outros problemas existentes na barragem. Isso indica que a causa para o desastre possivelmente seja o resultado de uma combinação de tudo isso, além de outras causas mais. Em outras palavras, o desastre foi resultado de uma falha sistêmica. Este é um tipo de falha que acontece a partir de um conjunto de componentes ou atividades inter-relacionadas em um sistema de interesse, e como tal sua ocorrência não poderia ser explicada a partir de falhas em partes individuais desse sistema. Isso explicaria também o caráter imprevisível e inesperado da ocorrência da falha, e a surpresa que a acompanha. Infelizmente, falhas sistêmicas não são eventos raros, assim como não são raros os desastres de grandes proporções que costumam provocar e são, infelizmente, a manifestação mais visível e trágica da incapacidade de pensar e agir sistemicamente. É preciso, porém, fazer uma advertência: mesmo admitindo a plausibilidade da ocorrência de uma falha sistêmica, essa explicação não pode ser usada para revogar as responsabilidades de quem quer que seja, e por isso é preciso que venha acompanhada de uma investigação das circunstâncias que a tornaram possível. Do contrário, não passará de mais um argumento – e de uma prática – diversionista. Na Sociedade de Risco, desastres não podem ser vistos como fatalidades, já que ela mesma resulta da incapacidade de pensar - e agir - sistemicamente. (Continua...)

Friday, March 04, 2016

XI Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção


De 6 a 8 de julho deste ano será realizado na cidade de Pelotas (RS), o XI Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção (XI CSBSP). O evento está sob a coordenação da Embrapa Clima Temperado em parceria com as Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), Instituto Federal Farroupilha e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. O tema do Congresso é “Abordagem sistêmica e sustentabilidade: produção agropecuária, consumo e saúde” e o trabalhos poderão ser enviados até às 24h do dia 04 de abril. Maiores informações sobre a Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção e sobre o congresso poderão ser encontradas em http://www.sbsp.org.br/XIcongresso/

Na última edição (vol. 32, número 2) da Newsletter da International Federation for Systems Research, também foi publicada uma nota sobre a Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção e o sobre o Congresso.





Friday, February 26, 2016

O Antropoceno chegou?

Reproduzo, a seguir, a resenha que fiz no ano passado do livro de Jürgen Manemann "Kritik des Anthropozäns. Plädoyer für eine neue Humanökologie" (algo como "Crítica do Antropoceno. Manifesto Para Uma Nova Ecologia Humana"), a pedido do Prof. Ray Ison, e que foi publicado no site/blog Governing the Anthropocene Systemic Inquiry: Jürgen Manemann. Kritik des Anthropozäns. Plädoyer für eine neue Humanökologie. Bielefeld: Transcript Verlag, 2014. 144p. EUR 16,99
Since Nobel Prize Laureate Paul Crutzen’s short article on the “Geology of Mankind” first appeared in Nature (Nature 415: 23, 2002), not only has the idea that we are living under a “human-dominated” geological epoch – the Anthropocene –been made public to a wide audience, but it has also triggered a lively discussion about the extent and the implications of considering mankind as a major geological (and environmental) force, particularly from the perspective of a possible climate catastrophe in the near future. Although this framing of an emerging geological epoch and its possible negative outlook for mankind has raised a lot of anxiety, ‘ecomodernists’ are welcoming this new epoch, claiming that it is a sign that humans have the ability to transform and control nature [sic]. This claim seems to be based on the old belief in quick techno-centric fixes for all sorts of problems, including, now, planetary environmental disturbances. ‘Ecomodernists’ even believe that through a radical decoupling of humans from nature a “good Anthropocene” is possible. But does it make sense to speculate about a “good Anthropocene” with such thermodynamically alien and naïve assumptions? What is at stake in the competing views on how to govern in the Anthropocene? The philosophical essay Kritik des Anthropozäns by Professor Jürgen Manemann – he is the director of the Research Institute for Philosophy Hannover, in Germany – addresses the Anthropocene framing from a different perspective. His essay is intended not only to introduce the reader to the debate about this unofficial geological epoch but to show what’s behind this idea, its dangers as well as to present an alternative to the dominant technological and scientific perspective when it comes to deal with the consequences. Professor Manemann pleads for a new human ecology, aiming to transform our current civil society into a “culture society”, a society that enables people to live a humane life. By looking in more detail at the many issues Professor Manemann addresses in his ten chapters-long essay, it is worth mentioning his discussion about our catastrophe blindness or how the development of a catastrophe sensibility could help us to drive our actions towards global regeneration. Also worth mentioning, is his discussion about the necessity of getting rid of the sustainability paradigm to replace it by a resilience paradigm (discussed from a psychological and pedagogic perspective) if we intend to shift our concerns from global to universal problems. His alternative to the dominant discourse is the main subject of Chapter Ten “On the way to a new human ecology”. In pledging for his alternative, Professor Manemann makes a strong criticism of the “anthropocenists” (in German “die Anthropozäniker”) who take refuge in trans or post-humanist visions of a new human being in which the abolishment of humane humans is imagined. To counter what he sees as a progressive “hominization” Manemann opposes the “humanization” of his new human ecology. Professor Manemann claims also that his proposal of a new human ecology is holistic because it takes into account not only environmental destruction, but also the destruction of socio-cultural environments. However, it seems he wishes to distance himself from the sort of systems analysis present in current human ecology approaches, because for him despite their interdisciplinary character they are concerned mainly with the adaptation capacity of humans to their environments; they see humans merely as part of their biophysical environment. On the other hand in the new human ecology, “das Humanum” is emphatically in the foreground. Honestly, I can’t see in Manemann’s argumentation any substantial reason to dismiss the adoption of cyber-systemic approaches in the way he describes they have been adopted in human ecology. Or, in other words, I can’t see why by putting simply “das Humanum” in the foreground would be a sufficient reason to claim his approach is (more?) holistic. Out of his pledging for a “culture society” emerges also a strong ethical dimension, made apparent through his discussion of the moral status of animals and how this unfolds into imperative action directives. Manemann’s ethical stance is, however, strongly influenced or driven by religion-anchored beliefs and values like mercifulness and compassion, not to mention his recurrent references to religion given the importance he ascribes to it as part of culture and to allow an appreciation of contingency. But his stance is understandable considering the religious commitments of the Research Institute he leads. Regardless of the controversy or the dispute among differing views of this “age of us” – the Anthropocene – what seems to be at stake is if this framing of a geological epoch dominated by human influence can trigger new ways of thinking and acting regarding the governance of the relationship humans-nature. Therefore, instead of thinking of a radical decoupling of humans from Nature, which is a thermodynamic impossibility, why not think in terms of a radical re-integration of human civilization into the fabric of life, inspired in approaches like the new human ecology Manemann is pledging for? His essay is to be recommended both for those who normally are concerned only with the most relevant scientific aspects of the debate, and foremost for all those who are concerned with its human dimension and with what it means to be human in this new geological epoch. Further, Manemann’s essay might shed some light in a world still obsessed with economic growth and technological progress, helping us to avoid the traps of techno-centric solutions as a strategy for governing in the Anthropocene. Therefore, it is a pity that at the moment the book can be found only in German, limiting thereby the access to a wider readership. Sandro Luis Schlindwein Federal University of Santa Catarina – Brazil August 2015