Monday, October 08, 2007

Entendendo ou lidando (com) a complexidade?

Na edição do dia 7 de outubro, o caderno mais! da Folha de São Paulo reproduz um artigo de Johann Harri publicado no "Independent". O artigo trata de "geoengenharia" para "salvar o mundo do aquecimento global". Já quase no final do artigo, o autor cita o cientista Josh Tosteson que teria perguntado: "Nós temos mesmo a capacidade de entender sistemas complexos bem o suficiente para fazer perturbações conscientes que resultem apenas em consequências desejadas, e nada mais?". Aí está mais uma manifestação inequívoca do ideal de intelegibilidade da mecânica clássica e do desejo de "controlar" os sistemas naturais, a ponto de negar toda possibilidade de ocorrência de consequências indesejadas. Mas o próprio aquecimento global mostra o quanto isso é ilusório, e de quanto precisamos desenvolver competências para aprender a lidar com situações de complexidade. Ou seja, como já escrevi em um artigo publicado no 1º Congresso Brasileiro de Sistemas, "as possibilidades que as práticas sistêmicas oferecem, nos libertam, portanto, do jugo determinista que nos obriga a querer compreender cada vez mais uma situação de complexidade em seus mínimos detalhes para assim melhor controlá-los e manipulá-los. Agora, podemos nos engajar em processos cognitivos mediados por práticas sistêmicas, para aprender a lidar com essas situações percebidas como problemáticas, para as quais não podemos ter a ingenuidade de querer encontrar “soluções”, mas para os quais temos que ter a responsabilidade de procurar promover melhorias". Portanto, em relação à própria geoengeharia e à (inevitável) mudança climática, é preciso parar de querer enxergar nela a "solução" para o aquecimento global, e agir sistemicamente no mundo para criar um futuro mais responsável.

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