De tudo que li durante este ano, o texto que mais me emocionou foi, sem dúvida, o discurso que Saramago proferiu ao receber o Nobel de Literatura. O discurso leva por título "De como a personagem foi mestre e o autor seu aprendiz", que começa assim: "O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia, Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo. Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro."[...]"...e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver". O discurso completo pode ser lido em
http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1998/lecture-p.html
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